Barômetro da Infraestrutura da Abdib mostra maioria do setor com percepção otimista

Barômetro da Infraestrutura da Abdib mostra maioria do setor com percepção otimista

O setor privado segue otimista quanto aos investimentos em infraestrutura no Brasil, conforme revelam os números da 12ª edição do Barômetro da Infraestrutura, produzido pela Abdib (Associação Brasileira da Infraestrutura e Indústrias de Base). De acordo com os dados publicados semestralmente, os impasses na economia brasileira ainda não desanimaram o mercado, avalia Gustavo Gusmão, diretor-executivo da EY, responsável pelo estudo.

“Acho que isso reflete a resiliência do setor, apesar das más notícias sobre a economia”, comentou Gusmão. Para ele, o ritmo de anúncios de projetos e investimentos ainda não foi significativamente impactado pela alta da taxa básica de juros, atualmente em 12,25%.

No entanto, ele alerta: “acreditamos que o setor pode começar a manifestar pessimismo e entrar em uma trajetória de incerteza. Hoje, essa é uma preocupação significativa”.

A preocupação ganha relevância no contexto das projeções para o Banco Central. O primeiro boletim Focus de 2025, publicado após a posse de Gabriel Galípolo na presidência da instituição, projeta que o ano pode terminar com a taxa básica de juros em 15%, com uma alta prevista para março. Esse cenário levanta um impasse em relação às expectativas do mercado, gerando incerteza sobre o impacto das políticas monetárias na confiança dos investidores.

Apesar disso, para os próximos seis meses, a percepção sobre o cenário para investimentos em infraestrutura segue positiva, com 52,9% dos entrevistados acreditando em condições favoráveis, um índice semelhante ao da edição anterior da pesquisa. “Esse resultado está acima da média histórica do Barômetro, que é de 40,66%”, destaca Gusmão.

Infraestrutura social

Saneamento básico, energia elétrica, rodovias e ferrovias estão ganhando espaço nos investimentos da infraestrutura, foi o que apontou a pesquisa. “Nos últimos tempos, o setor voltou a ganhar prioridade nas intenções de investimento, algo que não acontecia há algum tempo. Essa mudança de percepção está muito alinhada com os princípios da agenda de políticas públicas para o setor de infraestrutura”, afirmou Gusmão.

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Na visão dos entrevistados para a pesquisa, espera-se um pipeline de projetos muito grande para os anos de 2025 e 2026 no setor de infraestrutura. “Esse novo mercado que está se formando tem uma pegada mais social, o que começa a atrair o mercado de investidores de uma forma inédita na história do país”, completou.

Desalinhamento do governo no PAC

A pesquisa mostra ceticismo e desconfiança dos investidores com o Novo PAC (Programa de Aceleração do Crescimento) do governo federal. Para 62,83% dos entrevistados, o andamento do PAC não atende às expectativas, enquanto 30,38% acreditam que o programa atendeu parcialmente. Apenas 2,36% dos entrevistados acreditam que o referido programa atendeu plenamente às expectativas.

Para Gustavo Gusmão, a causa principal é a falta de alinhamento entre o governo federal e os estados e municípios. “Há ainda uma grande falta de capacidade para estruturar projetos que estejam efetivamente alinhados a uma estratégia de desenvolvimento econômico e social. Nesse sentido, percebe-se a ausência de uma atuação mais assertiva do governo para orientar esse processo. Esse desalinhamento, portanto, parece ser a principal causa das dificuldades, e o mercado claramente reconhece isso”, declarou.

Na visão do mercado, o Novo PAC não é tão chamativo como nas versões anteriores. “O governo não tem mostrado capacidade de preparar e executar esses projetos de maneira adequada e com a velocidade necessária. Mesmo que o PAC agora conte também com investimentos privados, e não seja mais voltado apenas para emergências públicas, ainda estamos vendo mais do mesmo em relação à condução do programa”, disse Gusmão.

Eficiência do PPI

Para o mercado, o PPI (Programa de Parcerias de Investimentos) tem mostrado mais eficiência e se tornado mais atrativo para os investimentos. “Hoje, o PPI está em uma trajetória muito mais consolidada, entregando resultados significativos, com investimentos sendo realizados por meio de PPPs [Parcerias Público-Privadas] e concessões, e com um processo bem disseminado e controlado. No entanto, o novo PAC não tem conseguido imprimir o mesmo ritmo e eficiência. A frustração com os resultados do PAC parece estar relacionada a isso: ele foi lançado com grandes expectativas, mas ainda não conseguiu alcançar a mesma consistência que o PPI”, afirmou.

Até o momento, o Novo PAC ainda está em andamento e não possui um número final de obras entregues, pois os projetos continuam em execução.

Fonte: Agência Infra

SC: investimentos em infraestrutura aumentam 315%, mas 72% das obras estão comprometidas em SC, alerta FIESC

SC: investimentos em infraestrutura aumentam 315%, mas 72% das obras estão comprometidas em SC, alerta FIESC

Apesar do aumento significativo nas verbas para infraestrutura, 72% das obras seguem com andamento comprometido, revelando a necessidade urgente de uma abordagem mais ampla e eficaz para atender às demandas reais do estado. O alerta vem da Câmara de Transporte e Logística da FIESC, que destacou que, embora o montante liberado tenha crescido, ele continua muito aquém das necessidades de Santa Catarina, o que pode impactar diretamente o desempenho econômico estadual.

Santa Catarina segue como um dos estados mais competitivos do Brasil, destacando-se em rankings de qualidade de vida, segurança pública e desenvolvimento econômico. Em 2024, o estado foi classificado como o mais seguro do país, com cidades como Florianópolis, Jaraguá do Sul, Blumenau e Brusque liderando entre as mais seguras​. Esses resultados são fruto da resiliência do setor produtivo catarinense — composto pela indústria, agricultura, serviços e os trabalhadores e trabalhadoras — que mantém a economia do estado em alta, apesar de grandes desafios estruturais.

Com um aumento significativo nos investimentos federais para infraestrutura de transporte no atual Governo Federal, Santa Catarina verá em 2024 R$ 1,1 bilhão destinados a obras importantes, como a duplicação da BR-470 e a construção do contorno rodoviário de Araranguá​. Esse valor representa um crescimento de 315% em relação a 2022, quando foram investidos apenas R$ 264 milhões. Ainda assim, a reunião da Câmara de Transporte e Logística da FIESC destacou que os gargalos em portos e rodovias, como a falta de dragagem no Porto de Itajaí, continuam comprometendo a eficiência logística e aumentando os custos para as empresas​.

Obras paralisadas e necessidades não atendidas

Durante a reunião da Câmara de Transporte e Logística da FIESC, Egídio Martorano, presidente da Câmara de Transporte e Logística da FIESC, destacou que 72% das obras monitoradas pela federação estão com o andamento comprometido. Ele explicou que muitas dessas obras estão com prazos vencidos ou próximos de paralisação, sendo que 41% já estão oficialmente paralisadas. Martorano ainda ressaltou que a média anual de execução orçamentária de R$ 580 milhões é insuficiente, representando apenas 15% da demanda real de infraestrutura de Santa Catarina.

Mesmo com um aumento de recursos em 2024, totalizando R$ 1,165 bilhão, a situação permanece crítica, o que pode comprometer o desenvolvimento econômico do estado. Esse alerta reflete a urgência em avançar com essas obras, que incluem rodovias, ferrovias e saneamento, essenciais para a competitividade logística de Santa Catarina. Salientando que a situação das obras de infraestrutura é crítica, especialmente no que diz respeito às rodovias, mas também nas obras de mitigação de enchentes.

Contraste de gestões: cortes e aumento de investimentos

O contraste entre o aumento recente de investimentos e os cortes sofridos durante o governo Bolsonaro é evidente. Em 2021, o estado sofreu um corte de R$ 40 milhões nas verbas destinadas à infraestrutura rodoviária, comprometendo projetos essenciais para a melhoria das rodovias​. No final de 2022, mais R$ 31 milhões foram cortados, afetando principalmente as duplicações das BR-470 e BR-280, além de melhorias nas BR-282 e BR-285​.

A disparidade nas prioridades entre o governo anterior e o atual em Santa Catarina é clara. Durante o governo de Jair Bolsonaro, apesar de ser amplamente ovacionado e priorizado por grande parte da população catarinense, que se posicionou majoritariamente a seu favor, o estado sofreu cortes significativos nas verbas destinadas à infraestrutura. Em 2021, Santa Catarina teve um corte de R$ 40 milhões nas verbas para as rodovias, e em 2022, outros R$ 31 milhões foram retirados, prejudicando diretamente obras essenciais, como as duplicações das BR-470 e BR-280.

Por outro lado, o governo atual, liderado por Luiz Inácio Lula da Silva, mesmo sem contar com a maioria popular no estado, priorizou Santa Catarina de maneira significativa. Em 2024, os investimentos federais no estado aumentaram em 315%, totalizando R$ 1,1 bilhão, um esforço notável para melhorar a infraestrutura, incluindo grandes projetos de rodovias e portos.

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Essa diferença entre a gestão passada, que mesmo com apoio popular cortou investimentos, e a atual, que apesar da falta de apoio maciço está injetando mais recursos, escancara a importância de uma governança que priorize ações concretas, mais do que afiliações partidárias. O desenvolvimento de Santa Catarina depende de políticas consistentes e de longo prazo, independente de quem está no poder.

Na reunião da Câmara de Transporte e Logística da FIESC, foram levantados diversos problemas relacionados à infraestrutura de Santa Catarina. Abaixo estão os principais pontos discutidos:

  • Rodovias Críticas: As obras nas principais rodovias federais (BR-470, BR-280, BR-282) estão com andamento comprometido ou paralisadas, impactando diretamente a logística no estado.
  • Andamento Comprometido: 72% das obras monitoradas pela FIESC estão com prazos comprometidos, sendo que algumas delas possuem indícios de paralisação.
  • Obras de Mitigação de Enchentes: Quase 98% das obras relacionadas à mitigação e contenção de enchentes estão paralisadas, agravando os problemas em regiões sujeitas a inundações, como o Vale do Itajaí.
  • Orçamento Subdimensionado: O valor orçamentário anual para execução das obras é baixo, com apenas 20 a 30% da demanda real sendo atendida, o que tem causado atrasos significativos na conclusão das obras.
  • Portos: Os portos de Santa Catarina, como Itajaí e Navegantes, enfrentam problemas graves de infraestrutura, incluindo atrasos na dragagem e na melhoria dos acessos rodoviários, impactando a eficiência logística.
  • Logística Portuária e Acessos: Os acessos rodoviários aos portos, cruciais para a exportação, apresentam gargalos.
  • A situação de Navegantes, com obras em andamento, tem gerado tempos de espera de até 9 dias para atracação de navios de longo curso.
  • Investimentos Insuficientes: Embora haja investimentos anunciados, como os R$ 2,9 bilhões no programa Estrada Boa, apenas 40% das obras estão em andamento razoável.

Esses pontos refletem as dificuldades de infraestrutura enfrentadas por Santa Catarina, que afetam diretamente o desempenho logístico e industrial da região.

Fonte: Portal Making of

Brasil se aproximou de investimento recorde em infraestrutura em 2023, mas está longe do patamar ideal

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Segundo a Associação Brasileira da Infraestrutura e Indústrias de Base (Abdib), país investiu R$ 213,4 bilhões em transportes, logística, energia, telecomunicações e saneamento, em 2023. Montante, no entanto, precisa ser dobrado para atender demanda