TCU pede que governo aperfeiçoe propostas de repactuação de rodovias

O pedido partiu do diagnóstico de que algumas propostas têm chegado à Corte sem uma análise prévia aprofundada, por exemplo, do custo-benefício das obras incluídas na remodelagem dos contratos. Na prática, essas lacunas fomentam discussões intensas sobre os valores de investimentos inicialmente inseridos nas sugestões de acordo.

O alerta foi feito nesta quarta-feira (25), quando o plenário do tribunal aprovou a repactuação da Arteris Fernão Dias, trecho da BR-381 que liga São Paulo a Minas Gerais (confira aqui o acórdão). No processo, foi grande a discussão entre os envolvidos justamente porque havia divergência sobre os valores de investimento apresentados pela concessionária, considerados muito elevados. As negociações na CSC (Comissão de Solução Consensual) levaram a uma redução expressiva dos montantes: de R$ 23,2 bilhões para R$ 14,88 bilhões, o que reduziu de 22 anos para 15 anos o prazo do contrato remodelado.

Neste contexto, a AudRodoviaAviação (Unidade de Auditoria Especializada em Infraestrutura Rodoviária e Aviação) sugeriu que sejam feitas melhorias nas propostas iniciais de solução consensual que chegam ao tribunal. O ponto foi endossado pelo voto do relator, ministro Bruno Dantas. A sugestão dada ao Ministério dos Transportes é de que o governo faça, por exemplo, uma análise preliminar das obras a serem incluídas na concessão, considerando o impacto de benefício de cada uma delas na melhoria do sistema rodoviário.

O TCU pediu também que seja estabelecida uma priorização do rol de obras apresentado a partir de critérios objetivos, como os de viabilidade técnico-econômico-ambiental. O tribunal ainda quer seja examinada previamente a aderência dos preços apresentados, além de ser feita uma avaliação do impacto das alterações tarifárias e de investimentos pretendidas na proposta no contexto do planejamento integrado de transportes.

“A meu ver, essas medidas podem aperfeiçoar as propostas iniciais de solução consensual apresentadas ao tribunal e, com isso, assegurar melhores acordos para o interesse público. Podem, ainda, atender às preocupações externadas pelo Parquet em futuros casos submetidos a esta Corte”, escreveu Dantas, no voto.

Além do encaminhamento ao Ministério dos Transportes, houve sugestão para que os pontos sejam considerados na reformulação da Instrução Normativa do TCU que trata dos procedimentos de solução consensual.

Secretário defende escolha técnicas
Sobre a recomendação feita pelo tribunal, o secretário-executivo do Ministério dos Transportes, George Santoro, afirmou à Agência iNFRA que todas as escolhas de investimentos foram “absolutamente técnicas, baseadas nas demandas da sociedade nas comissões tripartites e em parâmetros de desempenho”.

Ele também argumentou que o processo de otimização dos contratos é “vivo e dinâmico”, e exige aperfeiçoamento contínuo, por isso, todas as sugestões são fundamentais para esse aprimoramento. “Nos processos de otimização mais recentes, todas essas recomendações foram atendidas”, disse.

“Em todo processo de otimização dos contratos de concessão, fizemos aperfeiçoamentos e melhorias que não ocorreram apenas no Ministério dos Transportes, mas também na [ANTT] Agência Nacional de Transportes Terrestres, na Infra S.A. e no Tribunal de Contas da União”, afirmou Santoro. “As alterações entre o encaminhamento do Ministério dos Transportes e o acordo final são naturais e decorrem das reuniões com as bancadas parlamentares e das audiências públicas. O excelente resultado do julgamento reflete a qualidade do acordo e os benefícios para a sociedade”, assinalou.

Fluminense

O desconforto com estimativas de investimento não é inédito e, segundo apurou a Agência iNFRA, está por trás da demora na conclusão da repactuação da Autopista Fluminense (BR-101/RJ), também administrada pela Arteris. O plenário aprovou a remodelagem da concessão em novembro do ano passado, mas pediu ajustes na proposta econômica, fato que tem travado a finalização do acordo até hoje.

Estão na fila das repactuações a proposta para a Concebra, do Grupo Triunfo, a BR-163 Via Brasil e a Régis Bittencourt, da Arteris, que já teve acordo fechado, mas ainda não passou pelo plenário. Aguarda para ser admitida a remodelagem da Autopista Litoral Sul, também da Arteris. E ainda vai chegar ao TCU a repactuação da Autopista Planalto Sul (BR-116/PR/SC), processo em avaliação pela ANTT. A previsão inicial do Ministério dos Transportes era de concluir todas as repactuações em 2024.

Divergências

No caso da Fernão Dias, as tratativas no TCU foram mais intensas no tamanho do capex, especialmente sobre a recuperação estrutural do pavimento e algumas obras. “A controvérsia decorreu de divergência quanto às soluções de engenharia, pois a concessionária defendeu intervenções mais intensivas para a reconstrução do pavimento e reforço das demais obras associadas para atender às normas técnicas vigentes”, apontou Dantas. A situação culminou na previsão de um acompanhamento especial das intervenções estruturais durante a fase de recuperação da rodovia.

Já em relação às despesas operacionais (opex), o montante final ficou cerca de 37,5% inferior aos custos inicialmente apresentados. No acordo aprovado, o capex fechou em R$ 9,48 bilhões e o opex, em R$ 5,4 bilhões, somando os R$ 14,8 bilhões de recursos totais da repactuação.

O debate sobre os investimentos da proposta original foi, inclusive, o ponto que levou o Ministério Público de Contas a se opor à repactuação. Embora tenha reconhecido que a proposta que chegou ao TCU carecia de análises complementares mínimas, Dantas argumentou que as negociações garantiram mudanças e a vantajosidade do acordo, por isso, não acatou o parecer do MPTCU.

“Estou plenamente convicto de que a proposta de acordo ora em apreciação pelo Plenário está madura o suficiente para permitir a sua aprovação nesta oportunidade –o que não significa que o processo de solução consensual não comporte aperfeiçoamento para novos casos, com vistas a atenuar riscos para o interesse público e assegurar que os futuros acordos sejam os mais eficientes possível”, escreveu o ministro.

Fonte: Agência Infra

DNIT entrega nova estrutura da IP4 de Itacoatiara Antigo para modernizar logística e mobilidade regional

DNIT entrega nova estrutura da IP4 de Itacoatiara Antigo para modernizar logística e mobilidade regional

O Departamento Nacional de Infraestrutura de Transportes (DNIT) reinaugurou a IP4 (Instalação Portuária Pública de Pequeno Porte) de Itacoatiara Antigo, no Amazonas. A estrutura foi totalmente revitalizada após obras emergenciais iniciadas em julho de 2024, onde foram reconstruídos os apoios da ponte fixa e do berço de apoio do flutuante intermediário, antes comprometidos por desgaste natural e oxidação.

Segundo o DNIT, por meio de tecnologias modernas e reforço estrutural de alta capacidade, a nova IP4 foi projetada para suportar cargas até cinco vezes superiores ao padrão, aumentando a durabilidade e a segurança das operações portuárias. Para a entidade, a entrega das obras contribui diretamente para o desenvolvimento econômico local e para o cotidiano da população ribeirinha, que depende do transporte fluvial.

A cerimônia de entrega, que ocorreu no último sábado (21), contou com a presença do diretor de Infraestrutura Aquaviária do DNIT, Edme Tavares, além de outras autoridades.

Foto: divulgação/DNIT

O governo quer permitir que as operadoras de aeroportos federais fechem contratos mais longos para a exploração comercial nos terminais, mesmo que a concessão esteja mais próxima da fase final.

Governo vai permitir contratos mais longos de exploração comercial em aeroportos, inclusive de concessões antigas

O governo quer permitir que as operadoras de aeroportos federais fechem contratos mais longos para a exploração comercial nos terminais, mesmo que a concessão esteja mais próxima da fase final. Na prática, administradoras aeroportuárias que hoje precisam amarrar parcerias mais enxutas terão a possibilidade de assinar contratos que excedem até 30 anos a data final da concessão.

A proposta foi colocada em consulta pública até 13 de julho pelo MPOR (Ministério de Portos e Aeroportos), que pretende oficializar as regras, no máximo, em setembro. Esses contratos comerciais são uma espécie de aluguel de espaço na área aeroportuária e a ideia é permitir que eles possam ficar além do tempo do contrato da atual concessão, como forma de viabilizar investimentos de maior porte como hotéis, shoppings ou galpões logísticos, por exemplo.

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A pasta vai elaborar ainda uma outra portaria para autorizar que aeroportos delegados pela União e que são concedidos por estados e municípios possam, igualmente, celebrar contratos de longo prazo para a cessão de uso de áreas. Nesse caso, a proposta está em fase de preparação para ir à consulta pública, contou à Agência iNFRA o diretor de Outorgas e Políticas Regulatórias do MPOR, Daniel Longo. “Chegamos à conclusão de que existe uma lacuna regulatória nesses casos”, disse.

Já na portaria sobre os aeroportos federais, a medida também vai ampliar a duração dos contratos que as concessionárias podem fechar logo na primeira fase de suas operações. Hoje, na condição mais vantajosa, as parcerias podem ultrapassar o prazo final da concessão em até 30 anos. Na nova regra, esse teto irá para 40 anos.

“Queremos tornar ainda mais flexível e mais fácil a realização de grandes investimentos nos aeroportos concedidos. Identificamos uma oportunidade para viabilizar novos investimentos que hoje, talvez, não sejam viáveis”, explicou o diretor do MPOR, pontuando que alguns tipos de investimento demandam um prazo bastante longo para a amortização.

Na norma atual, há uma limitação que afeta especialmente os terminais que estão no final da concessão, como é o caso do Aeroporto de Guarulhos (SP), administrado pela GRU Airport até 2033. A portaria em vigor (93/2020) define que, se restam dez anos ou menos para o fim da concessão, mais de 50% do contrato comercial precisa estar encaixado dentro da atual administração.

Por exemplo, em Guarulhos, a operadora ainda ficará oito anos no ativo. Ou seja, pela regra em vigor, a GRU Airport só pode fechar parcerias de exploração com prazo de até 15 anos e 364 dias, o que limitaria possibilidades de novos investimentos.

Quatro partes

Na proposta do MPOR, a nova portaria estabelece prazos para cada fase do contrato, que seria dividido em quatro períodos. No primeiro quarto, a concessionária poderá fechar parcerias comerciais que ultrapassem em 40 anos a concessão vigente. No segundo quarto, em 35 anos. Já no terceiro quarto (que é, por exemplo, a fase em que Guarulhos está), serão 30 anos extras. Para quem está no último quarto do contrato valerá a regra mais restritiva de hoje, de que mais de 50% do contrato de exploração precisa estar dentro da concessão atual.

Para o diretor do MPOR, além de dar mais flexibilidade a quem está se encaminhando para o final da concessão, a proposta incentiva as concessionárias a fecharem grandes contratos de investimento logo no início da operação, já que haverá um prazo maior para amortização.

Longo pontuou que, desde que o tema foi regulamentado pela portaria de 2020, o governo observou uma diversificação “grande” de projetos dentro das concessões, o que, em sua avaliação, deve ser impulsionado ainda mais com as novas regras. “A ideia dessa flexibilização é dar impulso a esse processo”.

O tema é relevante para o setor aeroportuário porque as receitas não tarifárias desempenham um papel importante no caixa dos aeroportos. Em Guarulhos, por exemplo, Longo cita que mais de 50% da receita vem de fontes não tarifárias.

O terminal junto ao Aeroporto Internacional de Brasília, administrado pela Inframerica, está entre as concessões que mais exploraram as possibilidades abertas pela portaria de 2020. “Isso gera mais outorga variável, gera emprego, gera renda e, para além disso, é algo que viabiliza a melhoria na qualidade do serviço público concedido”, disse o diretor do MPOR.

Fonte: Agência Infra // Foto: Freepik

Saneamento, transportes e energia elétrica lideram investimentos privados em infraestrutura em 2025, aponta CNI

Saneamento, transportes e energia elétrica lideram investimentos privados em infraestrutura em 2025, aponta CNI

A CNI (Confederação Nacional da Indústria) projeta para 2025 um investimento de R$ 277,9 bilhões no setor de infraestrutura, liderado por projetos nas áreas de saneamento básico, transportes e energia elétrica, valor equivalente a 2,21% do PIB (Produto Interno Bruto). Segundo o estudo “Pilares da Infraestrutura Brasileira – Uma Agenda de Modernização”, lançado hoje (13) pela entidade, o capital privado vai responder até o fim deste ano por 72,2% dos investimentos em infraestrutura.

Embora o estudo, feito em parceria com a Inter B Consultoria, aponte que o capital privado vem mantendo, desde 2019, uma tendência de responder por mais de 70% dos investimentos voltados à infraestrutura e à logística, o setor industrial ainda considera a marca aquém das potencialidades do país.

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Aliado a esse ponto está a reclamação do setor produtivo em relação aos juros altos, impactados pelo patamar da taxa Selic. “O ambiente de negócios deve ser mais atrativo. Hoje, lidamos com juros altíssimos, que desestimulam o investimento produtivo e encarecem o crédito”, disse o presidente da CNI, Ricardo Alban, em nota.

O diretor de Relações Institucionais da CNI, Roberto Muniz, avalia que o principal desafio da infraestrutura é mobilizar mais recursos privados e melhorar a governança dos investimentos públicos. Para ele, o avanço do privado deve estar ancorado em um ambiente de negócios que ofereça, no médio e no longo prazo, um horizonte de estabilidade macroeconômica somado a baixos custos de transação e menores barreiras setoriais à entrada ao mercado.

Setores

No segmento de energia elétrica, para o qual a CNI projeta investimentos privados de R$ 98,6 bilhões neste ano, os desembolsos são impulsionados por energias renováveis, especialmente solar (micro e minigeração distribuída), e a expectativa de leilões de transmissão e de baterias de armazenamento.

Já o incremento na área de saneamento decorre do marco legal do setor, que exige universalização dos serviços até 2033. O investimento privado projetado para o ano é de R$ 31,2 bilhões, alavancado pelas PPPs (Parcerias Público-Privadas).

Na área de transportes, a previsão de R$ 42,4 bilhões em investimentos privados se divide em ferrovias, com expectativa de R$ 19,6 bilhões, concentrada principalmente em renovações antecipadas de concessões, seguida por rodovias, com R$ 11,9 bilhões; portos, com R$ 4,9 bilhões; aeroportos, com R$ 3,5 bilhões; mobilidade urbana, com R$ 2,5 bilhões; e hidrovias, com R$ 300 milhões.

O estudo menciona avanços em rodovias, com a realização de concessões, incluindo novos modelos, e investimentos no setor portuário, puxados por arrendamentos e novas autorizações para terminais privados. Para telecomunicações, a CNI projeta R$ 28,5 bilhões neste ano, considerados incrementos marginais após o pico atingido pelo setor em 2022.

Fonte: Agência Infra

Exportações de milho e soja pelo Arco Norte crescem mais de 50% com investimentos em infraestrutura multimodal

Volume escoado em 2024 foi de 57,6 milhões de toneladas contra 36,7 milhões de toneladas em 2020. De acordo com documento da Conab, avanço é resultado de investimentos em infraestrutura multimodal